sábado, 24 de dezembro de 2005

Natal

Que este NATAL, à imagem daquEle que celebramos neste dia, seja de PAZ e de AMOR!
Que o possamos passar com aqueles de quem mais gostamos e que decorra com SAÚDE!
Que no nosso coração saboreemos um pouco de FELICIDADE!
Que esta ALEGRIA seja contagiante…
… e porque as minhas palavras não serão as mais convicentes, permiti que use as de Miguel Torga:


NATAL
Nasce mais uma vez,
Menino Deus!
Não faltes, que me faltas
Neste Inverno gelado.
Nasce nu e sagrado
No meu poema,
Se não tens um presépio
Mais agasalhado.

Nasce e fica comigo
Secretamente,
Até que eu, infiel, te denuncie
Aos Herodes do mundo.
Até que eu, incapaz
De me calar,
Devasse os versos e destrua a paz
Que agora sinto, só de te sonhar.

terça-feira, 13 de dezembro de 2005

Carta de um filho...

Já lá vão cerca de 15 anos q li esta carta (ainda não está desatualizada, apesar destes anos todos). Hoje leia de modo diferente. Hoje mais do q a ler partilho-a, c/ a esperança de contribuir na permanente construção de um mundo melhor.

Sinto muito, meu pai, que este diálogo seja o último que tenho consigo. Sinto muito…
Sabe pai… está ainda a tempo do senhor saber a verdade, que nunca soube.
Vou ser breve e claro. A «DROGA» matou-me pai.
Travei conhecimento com a minha assassina, aos quinze anos de idade, é horrível, não é pai?...
Sabe como começamos nisso? Através de um senhor elegantemente vestido, que nos apresentou à nossa futura assassina; a «DROGA». Eu tentei, tentei mesmo, recusar, mas o cidadão mexeu com o meu brio, dizendo que eu não era homem.
Ingressei no mundo da «DROGA».
No começo foram as tonturas; depois fantásticos sonhos, a seguir a escuridão. Não fazia nada sem que a droga estivesse presente. Depois foi a falta de ar, o medo, as alucinações, logo após o pico da euforia, novamente.
Eu sentia-me mais gente do que os outros, é a «DROGA», minha inesquecível, sorria.
Sabe, pai, a gente começa com a «DROGA», acha tudo ridículo e engraçado. Até mesmo Deus eu achava ridículo, e hoje, neste hospital, eu reconheço que Deus é o ser mais importante do mundo. Pai, o senhor não pode acreditar, mas a vida de um tóxico é terrível. A gente sente-se dilacerado por dentro. É tão terrível, que todo o jovem deve saber para não entrar nessa. Já não posso dar três passos, sem me cansar. Os médicos dizem que vou ficar bom, curado, mas quando saem do quarto, balançam com a cabeça.
Pai eu só tenho dezanove anos, e sei que não tenho a menor “chance” de viver.
É MUITO TARDE PARA MIM PAI; TENHO UM ÚLTIMO PEDIDO A FAZER-LHE:
- Diga a todos os jovens que o senhor conhece, em cada porta da escola, na faculdade, nas fábricas ou em qualquer outro lugar, que há sempre um homem elegantemente vestido e bem falante que irá mostrar-lhes a futura assassina, as destruidoras das suas vidas. O que os levará à loucura e à morte, como a mim. Perdoa-me por tanto fazer sofrer, pelas minhas loucuras.
(esta carta foi escrita por um estudante viciado em droga, poucas horas antes de morrer)

domingo, 27 de novembro de 2005

Geração (à) Rasca

Já lá vai algum tempo que li o texto q se segue, por me identificar a 100% com ele, achei que seria justo e em certa parte honroso para todos aqueles que como meu pertencemos à "Geração à Rasca"
Vale a pena pensar nisto...

Em conversa com o irmão mais novo de um amigo, cheguei a uma triste conclusão.A juventude de hoje, na faixa que vai até aos 20 anos, está perdida.E está perdida porque não conhece os grandes valores que orientaram os que hoje rondam os trinta.O grande choque, entre outros nessa conversa, foi quando lhe falei no Tom Sawyer.“Quem?”, perguntou ele. Quem?! Ele não sabe quem é o Tom Sawyer! Meu Deus…Como é que ele consegue viver com ele mesmo? A própria música: “Tu que andas sempre descalço, Tom Sawyer, junto ao rio a passear, Tom Sawyer, mil amigos deixarás, aqui e além…” era para ele como o hino senegalês cantado em mandarim.Claro que depois dessa surpresa, ocorreu-me que provavelmente ele não conhece outros ícones da juventude de outrora. O D’Artacão, esse herói canídeo, que estava apaixonado por uma caniche; Sebastien et le Soleil, combatendo os terríveis Olmecs; Galáctica, que acalentava os sonhos dos jovens, com as suas naves triangulares; O Automan, com o seu Lamborghini que dava curvas a noventa graus; O mítico Homem da Atlântida, com o Patrick Duffy e as suas membranas no meio dos dedos; A Super-Mulher, heroína que nos prendia à televisão só para a ver mudar de roupa (era às voltas, lembram-se?); O Barco do Amor, que apesar de agora reposto na Sic Radical, não é a mesma coisa. Naquela altura era actual…; E para acabar a lista, a mais clássica de todas as séries, e que marcou mais gente numa só geração: O Verão Azul.Ora bem, quem não conhece o Verão Azul merece morrer. Quem não chorou com a morte do velho Shanquete, não merece o ar que respira. Quem, meu Deus, não sabe assobiar a música do genérico, não anda cá a fazer nada.Depois há toda uma série de situações pelas quais estes jovens não passaram, o que os torna fracos. Ele nunca subiu a uma árvore! E pior, nunca caiu de uma. É um mole. Ele não viveu a sua infância a sonhar que um dia ia ser duplo de cinema. Ele não se transformava num super-herói quando brincava com os amigos. Ele não fazia guerras de cartuchos, com os canudos que roubávamos nas obras e que depois personalizávamos. Aliás, para ele é inconcebível que se vá a uma obra. Ele nunca roubou chocolates no Pingo-Doce. O Bate-pé para ele é marcar o ritmo de uma canção.Confesso, senti-me velho…Esta juventude de hoje está a crescer à frente de um computador. Tudo bem, por mim estão na boa, mas é que se houver uma situação de perigo real, em que tenham de fugir de algum sítio ou de alguma catástrofe, eles vão ficar à toa, à procura do comando da Playstation e a gritar pela Lara Croft. Óbvio, nunca caíram quando eram mais novos. Nunca fizeram feridas, nunca andaram a fazer corridas de bicicleta uns contra os outros. Hoje, se um miúdo cai, está pelo menos dois dias no hospital, a levar pontos e a fazer exames a possíveis infecções, e depois está dois meses em casa a fazer tratamento a uma doença que lhe descobriram por ter caído. Doenças com nomes tipo “Moleculum infanticus”, que não existiam antigamente. No meu tempo, se um gajo dava um malho (muitas vezes chamado de “terno”) nem via se havia sangue, e se houvesse, não era nada que um bocado de terra espalhada por cima não estancasse. Eu hoje já nem vejo as mães virem à rua buscar os putos pelas orelhas, porque eles estavam a jogar à bola com os ténis novos. Um gajo na altura aprendia a viver com o perigo. Havia uma hipótese real de se entrar na droga, de se engravidar uma miúda com 14 anos, de apanharmos tétano num prego enferrujado, de se ser raptado quando se apanhava boleia para ir para a praia. E sabíamos viver com isso. Não estamos cá? Não somos até a geração que possivelmente atinge objectivos maiores com menos idade? E ainda nos chamavam geração “rasca”… Nós éramos mais a geração “à rasca”, isso sim. Sempre à rasca de dinheiro, sempre à rasca para passar de ano, sempre à rasca para entrar na universidade, sempre à rasca a ver se a namorada estava grávida, sempre à rasca para tirar a carta, para o pai emprestar o carro. Agora não falta nada aos putos. Eu, para ter um mísero Spectrum 48K, tive que pedir à família toda para se juntar e para servir de prenda de anos e Natal, tudo junto. Hoje, ele é Playstation, PC, telemóvel, portátil, Gameboy, tudo. Claro, pede-se a um chavalo de 14 anos para dar uma volta de bicicleta e ele pergunta onde é que se mete a moeda, ou quantos bytes de RAM tem aquela versão da bicicleta.Com tanta protecção que se quis dar à juventude de hoje, só se conseguiu que 8 em cada dez putos sejam cromos. Antes, só havia um cromo por turma. Era o tóto de óculos, que levava porrada de todos, que não podia jogar à bola e que não tinha namoradas. É certo que depois veio a ser líder de algum partido, ou gerente de alguma empresa de computadores, mas não curtiu nada. Hoje, se um puto é normal, ou seja, não tem óculos, nem aparelho nos dentes, as miúdas andam atrás dele, anda de bicicleta e fica na rua até às dez da noite, os outros são proibidos de se dar com ele.Valha-me Deus. “What’s wrong with the world, momma?”

segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Saudade.

Sinto saudades do dia em que nunca nos encontramos.
Sim, daquele em que não nos vimos pela primeira vez.
Desse em que nunca te tive.
Daquele em que não falaste o que eu queria ouvir.
De nossa primeira noite que jamais houve, quando deixamos de conhecer-nos biblicamente até o desmaio.
Tenho sede da noite em que nem começamos a beber-nos.
Sinto fome dos momentos em que não estávamos um no outro, devorando-nos gota a gota.
Poderia desenhar nos mínimos detalhes tudo o que não aconteceu.
O amor que não explodiu; o desejo que não cristalizou; todo esse nada que não vivemos tão intensamente separados.
É uma saudade tão grande!...
Uma saudade como se nunca tivesse acontecido.
Como este afago que não te mando, e que ainda assim, nunca o receberás

quarta-feira, 16 de novembro de 2005

Amo-te Assim

Esperava-te sem saber, pressentia-te sem querer, sempre te amei...
Amo-te assim, com a sensibilidade dos cegos, com a pureza das crianças, com a paixão dos deuses.
Quero ver-te intenso, amar-te na tua canção, fundir nossos corpos num só.
Quero sentir tuas mãos lindas, percorrendo todo o meu corpo, abalando todos os meus sentidos.
Uni-las às minhas mãos num só toque, apertá-las no êxtase do amor.
Quero amar-te com os olhos e deixar que eles falem, tudo o que hoje, minha voz tem que calar.
Quero abandonar-me em teus braços e aninhar-te nos meus.
Amo-te assim...
Amo-te assim, em letras, em palavras, em tons, em imagens e cores.
Amo-te sem o antes, no agora, sem o depois, apenas para mim.
Amo-te assim...
Amo-te assim, de verdade, de corpo, de coração, de alma.
Alma que desnuda, desprende-se do meu corpo e rompendo os limites do espaço e do lógico, num voo suave, leva-me ao teu encontro. Deixando no vento, o rasto do meu amor, para que nele encontres toda a paz de que possas precisar.
Amo-te assim, mesmo longe tu estás, sempre ao teu lado encontrar-me-ás.
Amo-te assim...e o que tenho de ti, ninguém poderá tirar-me. E o que tens de mim, alguém jamais alcançará.
Amo-te assim...com a certeza de que um dia, aqui, ou além do tempo, o céu assistirá ao nosso amor e as estrelas então, lá de cima, como guizos sorrirão...

in Fernanda C. Scialla

terça-feira, 15 de novembro de 2005

Procura...

Procura conviver entre as pessoas que te ensinem a caminhar entre as estrelas;
Porém, quando encontrares a luz, não a negues aos que ficaram nas trevas.
«"Equador" Miguel S. Tavares Main»

quarta-feira, 9 de novembro de 2005

Novamente os Amigos!

Perdoem-me!
Certamente já leram este texto algumas vezes (eu tenho-o como uma oração!), mas eu tenho que o colocar cá, eu tenho que fazer juros a vocês, meus Amigos e o meu coração não me deixaria respirar muito mais se assim não o fosse...
A ti, peço-te que leias o texto até ao final (mesmo que seja mais uma vez), depois... reconhece os teus Amigos!

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles. A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências …
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os.
(Vinicius de Morais)

terça-feira, 1 de novembro de 2005

Amigos



Como tudo na vida tem um inicio... e o meu é este!
Inicio honrando os meus Amigos!
Obrigado pela vossa Amizade.




Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquefacto qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito e os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim LOUCO E SANTO.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que tragam dádivas e angustias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, são sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Os meus amigos são todos assim: metade bombeiro, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Criança, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois vendo-os loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.
de Oscar Wilde