quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Quero Amar-te



Quero amar-te


Com a ternura mansa da esperança adolescente.


Com a simplicidade das flores


Que nascem e morrem


Sem nunca serem vistas.


Com o mesmo ímpeto imprevisível


Dos pássaros que tombam


Após descreverem no espaço o círculo da morte.


Com a fúria da sede ardente do solo


Ao receber as primeiras gotas das chuvas de verão.


Com a fartura dos ventos


Que transportam pelas madrugadas


O dulcíssimo odor das raízes e resinas.




Quero amar-te


Com a inquietação cantante dos rios


Acariciando levemente a fímbria das margens.


Com a alegria surda e pura das nascentes


Abrindo caminho para o sol


Entre húmus e gravetos.




Quero amar-te


Com o mesmo orgulho da árvore


Ostentando o primeiro fruto.


Com todo o êxtase e vertigem


Da alma caída de amor


Com a tenebrosa força do estático silêncio


Dos grandes momentos


Que precedem os acontecimentos definitivos.




Quero-te amar e te amarei


Com a mesma grandiosidade espectacular da vida


E a mesma intensidade atraente


Dos abismos da morte.

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