domingo, 23 de abril de 2006

A Chama Ardente...

Quando à dias ao sair à rua, dei por mim a sentir a brisa da noite e aquela maresia do mar (tão especial para quem com ele vive), huummm...
Logo aí imensas recordações surgiram no infinito da minha memória.
Não sei o porqué mas também me invadiu a seguinte frase: "Aquelas festas de verão até ao amanhecer..." uma canção dos Delfins. Chama Ardente, pertencente aos não longinquos fins dos anos 80.
Sim! Aquelas festas de verão até ao amanhecer, todas aquelas festas que vivemos sem deixar acabar o verão, para que logo, logo, surgi-se a primavera do dia seguinte e assim vibrantemente estariamos em mais uma festa de verão. (...)
Fiquem vocês também com a maresia das eventuais recordações das vossas festas de verão, que eu vos tenha (eventualmente) ajudado a puxar para o presente...
Como presente a cada um de vós!
Eu sentia a vinda da nova visão
Eu sentia a mudança
As chamas de uma casa em fogo
em celebração
Eu sentia o calor do teu corpo arder
Eu sentia a tentação
Aquelas festas de verão
até ao amanhecer

Eu sei lá o que sentia
Também seria amor
Sei lá o q fazia
Será que fiz amor
Sei lá o que dizia
Sei lá onde eu ia
Sei lá o que fazia…
Amor
A chama ardente vela por ti
A chama ardente está entre nós

Eu sentia-te a chora como um bebé
Eu sentia em ti o medo
Olhares para o céu
e queimares o nosso segredo

Eu sei lá o que sentia
Também seria amor
Sei lá o que fazia
Será q fiz amor
Sei lá o que dizia
Sei lá onde eu ia
Sei lá o q fazia
amor
A chama ardente vela por ti
A chama ardente está entre nós

quarta-feira, 19 de abril de 2006

Ausência...

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.

Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.

Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinicius Moraes

sábado, 15 de abril de 2006

Páscoa


"Não existe e nunca haverá uma história que interesse tanto a humanidade quanto os relatos de um Homem que era membro de uma comunidade judaica e que sua existência terrena não passou de 33 anos dos quais só os três últimos anos se tornaram públicos.
O ensinamento de Jesus sobre o perdão proporcionou a ira dos legalistas, a posição de perdoar pecados e ressuscitar os mortos incitou os religiosos. A sua vida se baseava em dois mandamentos dos quais foram passados para nós: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar o próximo como a ti mesmo. Até hoje os céticos e adeptos as seitas oponentes do cristianismo não aceitam a pessoa de Jesus como ela deve ser reconhecida, a sua passagem pela terra se tornou assunto de vários debates e matérias explosivas da mídia escrita e televisiva..."


A todos Vós que me têm acompanhado desejo uma Santa Páscoa!
Que a Ressurreição na Vossa vida não se limite a um dia (ou fim de semana), mas que em cada dia que abram os olhos, depois de descansar, comece ai de novo, a Ressurreição da Vossa da Nossa vida.

sexta-feira, 7 de abril de 2006

Desejo

Desejo primeiro, que tu ames. E que amando, também sejas amado.
E que, se não o for, sejas breve em esquecer. E esquecendo, não guardes mágoa.
Desejo pois, que não sejas assim. Mas se fores, saibas ser sem desesperar.
Desejo também que tenhas amigos, que mesmo maus e inconsequentes, sejam corajosos e fiéis.
E que, pelo menos num deles, tu possas confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim, desejo ainda, que tu tenhas inimigos; nem muitos, nem poucos.
Mas na medida exata para que, algumas vezes, tu te interpeles a respeito de tuas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo, para que tu não te sintas demasiado seguro.
Desejo depois que tu sejas útil, mas não insubstituível.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter-te de pé.
Desejo ainda que tu sejas tolerante; não com os que erram pouco, porque isso é fácil.
Mas com os que erram muito e irremediavelmente. E que, fazendo bom uso dessa tolerância, sirvas de exemplo aos outros.
Desejo que tu, sendo jovem, não amadureças depressa demais.
E que sendo maduro, não insistas em rejuvenescer.
E que sendo velho, não te dediques ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor. E é preciso deixar que eles escorram entre nós.
Desejo por sinal, que tu sejas triste; não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubras que o riso diário é bom; o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que tu descubras, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes. E que estão à tua volta.
Desejo ainda que tu afogues um gato, alimentes um cuco e ouças o "João-de-barro" erguer triunfante o seu canto matinal.
Porque assim, tu sentirás bem por nada.
Desejo também que plantes uma semente, por mais minúscula que seja.
E acompanhes o seu crescimento, para que saibas de quantas muitas vidas, é feita uma árvore.
Desejo outro sim, que tenhas dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano, coloques um pouco dele na tua frente e digas "Isso é meu."
Só para que fique claro, bem claro, quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum dos teus afectos morra, por eles e por ti.
Mas, se morrer, tu possas chorar sem te lamentares e sofrer sem te culpares.
Desejo por fim que tu sendo um homem, tenhas uma boa mulher.
E que sendo uma mulher, tenhas um bom homem.
E que se amem hoje, amanhã e no dia seguinte.
E quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer, não tenho mais nada a te desejar.
Victor Hugo